Demissão de Ernesto Araújo
O pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, nesta segunda-feira (29) está sendo noticiado com destaque em jornais e sites estrangeiros.
A informação ainda não foi confirmada pelo governo oficialmente.
Em geral, as notícias destacam a atuação falha de Araújo durante a pandemia, a pressão do Congresso por sua saída e a forma com que o ministro liderou a diplomacia brasileira.
O site do britânico “The Guardian” diz que a renúncia de Ernesto Araújo encerra o “capítulo mais calamitoso” da história da diplomacia brasileira.
“O ultraconservador ministro das Relações Exteriores de Jair Bolsonaro renunciou após uma rebelião de diplomatas e legisladores que o acusaram de acabar com a reputação internacional do Brasil e colocar vidas em risco ao vandalizar as relações com a China e os EUA durante a pandemia do coronavírus”, diz a publicação.
O espanhol “El Pais” citou também a saída do ministro da defesa, Fernando Azevedo, em uma matéria que avalia a renúncia de Araújo como “esperada”.
“As intensas pressões dos últimos dias a partir das Câmaras parlamentares e de representantes do poder econômico pretendiam obrigar o presidente Jair Bolsonaro a ceder e entregar a cabeça do chanceler que lidera a ala mais ideológica de seu governo”, diz o artigo.
Na reportagem do jornal argentino “Clarín”, a publicação diz que Araújo foi acusado pela base política de Bolsonaro como o responsável por dificultar o acesso às vacinas contra a Covid-19.
“A queda de Araújo havia sido reivindicada pela maioria do Senado, que havia anunciado a abertura de um processo de impeachment por sua negligência na diplomacia quanto à política de compra de vacinas”, diz o texto.
O site do português “Diário de Notícias” cita a pressão do Congresso Nacional pela saída de Araújo por causa, entre outros motivos, da falha na aquisição de vacinas durante a pandemia.
“Araújo acumulou desgastes ao longo de três anos. O último dos quais, decisivo para a sua queda, com o Congresso Nacional, que o acusou, pela voz dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de negacionista face à pandemia e omisso na aquisição de vacinas”, diz a reportagem.
O site do jornal chileno “La Tercera” também reforçou a importância da pandemia na saída de Araújo e disse que o chanceler foi acusado de atrasar negociação de compras de vacinas, oxigênio e leitos de UTI.
“O ex-chefe da diplomacia brasileira é acusado de ser o principal responsável pelas negociações fracassadas com a China para obter vacinas contra a Covid-19 de laboratórios asiáticos”, diz o texto.